FÊNIX
Raiva (in)útil, quase necessária!
Neurônios em guerra, tensão diária.
Costas duras, testa apagada,
alma em brasa, mente cansada...
Sonhos (des)feitos, nuvens no ar —
intocáveis, prontos pra evaporar.
Intangíveis, como um grito preso,
ecoando onde só eu me reconheço.
Karma medonho! Difícil estrada...
Será que passa? Ou não dá em nada?
Dores? Só hoje, prometo a mim.
Amanhã, talvez... fim do motim.
Céu — às vezes azul, outras de breu,
espelho incerto do que sou eu.
Pensamentos passam, viram fumaça,
como a esperança quando não passa.
Quero o perfume das flores no chão,
o pão com manteiga, quente na mão.
Quero o sabor, o toque, o prazer —
só quero sentir, só quero viver!
Maldita intolerância!
Maldita arrogância!
Maldita lactose,
sociedade atrofiada, cheia de pose!
Inferno leve tudo o que reprimi:
os gritos calados, o que nunca admiti.
Essa vida morna, esses falsos valores,
esses amores vazios — tão cheios de dores.
Quero ser protagonista, sem véu,
sem normas sociais, sem o falso papel.
Quero ser fera, mulher, tempestade,
sem medo, sem regra, só verdade.
Maldito consciente que me limita,
Inconsciente, explode, grita!
Traz ódio, desejo, traz o que for —
quero ser "EU", com todo o furor!
GRITO!
Renasço em fogo, sou chama voraz,
fênix que rompe o ciclo da paz.
Bela, sublime, sem rumo, sem chão,
voo no abismo da libertação.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 05/10/2019
Alterado em 02/06/2025