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QUANDO O VÉU CAI
Levantei o véu e, por um instante,
me vi perdida, olhando adiante.
O passado, tão calado, se abriu sem pudor —
à princípio, era belo, só brilho e cor.

Mas bastou um sopro, um leve tremor,
e surgiram visões envoltas em dor.
Nebulosas, confusas, sem direção,
me trouxeram lembranças, me feriram o chão.

Assustada, deixei o véu recair,
sobre a fase em que só soube fugir.
Foi nostálgico — e maravilhoso,
mas também cruel, escuro, penoso.
Tão doce em perfume...
tão amargo em sabor.
Tão digno de afeto,
tão cheio de dor.

Então tirei o véu, com mãos decididas,
sequei as lágrimas, costurei feridas.
Vesti minha armadura feita de amor,
de cicatriz, de coragem e ardor.

Olhei o presente — só ele me resta.
É aqui que a vida pulsa e manifesta.
Foi então que ela, em voz retumbante,
deu um grito livre, alto, vibrante.

Estrondoso ecoou pelos vales do tempo,
desafiando o silêncio, rasgando o vento.
Fascinante! — disseram, em sintonia,
"Ouviu-se ao longe... no fim do teu dia."

Mas o dia é agora — o grito é só meu,
brotou da ferida que o tempo esqueceu.
E se o véu, um dia, tornar a cair,
que eu saiba erguê-lo...
com coragem de prosseguir.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 11/04/2020
Alterado em 14/04/2025
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