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OBJETOS SOBRE A MESA
Olhei os objetos sobre a mesa...
meu refúgio — às vezes luz, às vezes tristeza.
Vi fotos gastas pelo tempo e pelo olhar,
recados inúteis tentando lembrar,
uma agenda muda, sem dias marcados,
com sonhos antigos já desbotados.

E o som das músicas que tanto amo
preencheu o silêncio como um pano
cobrindo memórias, feridas abertas,
algumas distantes, outras tão perto.

Havia coisas vazias, sem explicação,
outras cheias de alguma emoção.
Umas tolas, outras intensas demais,
mas todas guardavam sinais.

Com cuidado, mirei as fotos amareladas —
instantes breves, vidas entrelaçadas.
Sorrisos que duraram só um momento,
lugares e rostos levados pelo vento.
A beleza que um dia brilhou serena
agora repousa, ausente, pequena.

Cada detalhe observado com calma,
um toque de dor, um sopro na alma.
Percebi, enfim, sem drama ou tristeza:
eram só símbolos com sua leveza.
Fragmentos do tempo, peças de mim,
com valor que nasce — e se perde — no fim.

Mas ali, no caos doce da mesa arrumada,
vi minha história, partida e guardada.
Não pelo objeto, mas pelo que restou:
a lembrança viva de tudo o que sou.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 11/04/2020
Alterado em 14/04/2025
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