VISÃO INTOCÁVEL
Apaixonei-me por uma ilusão,
intocável forma, pura invenção.
Distante miragem, visão encantada,
morada do sonho, jamais alcançada.
Posso me aproximar? — Não!
O tempo responde com negação.
Paixão longínqua, etérea centelha,
tão primitiva, tão viva, tão bela!
Faz pulsar em mim um mundo sem fim,
como água em vertigem, correndo em mim.
Como fogo que arde em noite serena,
como brisa que toca sem ter pena.
Como pássaro livre no céu mais azul,
que beija a janela em manhã de sul.
Olho o horizonte — vazio e distante —
mas crio teus traços a cada instante.
Na tela da mente, te dou dimensão:
perfeito, irreal, pura projeção.
És sombra moldada na fantasia,
mito que brilha na noite vazia.
Feroz e gentil, tão meu, tão só,
vives em mim — em sonho sem nó.
Talvez, quem sabe, num tempo futuro,
eu cruze esse abismo, tão vago e escuro,
e encontre teus olhos, tua voz, tua dança,
na tênue fronteira entre o real e a esperança.
Talvez no mundo onde tudo é possível,
onde o amor flutua, leve e invisível,
eu toque teu rosto e ouça teu riso,
no universo onde mora o que eu preciso.
Mas por ora, és chama que não se alcança,
és poema tecido na minha esperança.
És ideia que vive além dos mortais...
no silêncio dos sonhos... nos desejos imortais.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 07/10/2022
Alterado em 26/05/2025