SILÊNCIO QUE PERSISTE
O silêncio, tão perto, se faz revelar,
enquanto as palavras tentam fugir, sem lugar.
E o desejo, constante, a tudo resiste,
nos pensamentos errantes que o tempo insiste.
Compreendo...
O silêncio é resposta — fria, cruel —
soprada no vento de uma manhã fiel.
Nas noites cálidas, torna-se punhal,
ecoando em mim como dor abissal.
Compreendo...
Ele brada como ondas em mar revolto,
nas pedras caladas, onde o grito é solto.
Reside no fundo do que não se diz,
uma angústia infinda, sem rumo, sem raiz.
Compreendo...
Sua presença, assim como a minha,
não se mede, não se dobra, nem se alinha.
Na dor dos desamores que fomos sentindo,
as palavras se perdem... e vamos caindo.
Só compreendo...
É uma vida sem sol em plenitude,
atada a correntes, sem latitude.
Pensamentos sombrios, que vêm consumir
o que em mim e em ti insiste em ruir.
Palavras se extinguem, naufragam no fim,
e o silêncio, implacável, habita em mim.
É o que sobra, o que fica, o que diz sem dizer:
um eco vazio, difícil de esquecer.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 02/08/2023
Alterado em 26/05/2025