Existe amar demais ou de menos?
Quem dita a medida dos sentimentos plenos?
O amor, quando é puro, não tem dimensão —
É chama que arde sem pedir permissão.

Alguns transbordam em cada olhar,
Outros mal sabem como demonstrar.
Mas o que importa não é o jeito ou o tom,
É amar, ainda que pareça sem dom.

Amar com loucura, com leve ternura,
Com pressa, com medo ou com doçura.
Amar em silêncio ou em gritos de cor,
Em gestos miúdos, em versos de amor.

O amor não se explica — é pura ausência
Da lógica fria, da falsa ciência.
É ponte que surge onde havia abismo,
É salto no escuro, é puro lirismo.

O “fim” é querer compreender demais,
Tentar traduzir o que não se desfaz.
Mas o amor não quer ser equação,
Quer apenas morada, toque, emoção.

Não busca palavra, nem definição,
Quer só um espaço dentro do coração.
Quer ser vivido sem tanto pensar,
Quer ser sentido sem precisar falar.

Então, não me venhas com régua ou medida,
O amor é caos que também cura a ferida.
É fogo que arde e também acaricia —
É tudo e é nada, é dor e poesia.