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PERFUME QUE FICA
Levei, sem pensar, a mão ao rosto,
e ali, de súbito, senti teu gosto.
Teu cheiro cravado — fiel tatuagem —
como a brisa leve de uma antiga viagem.

Cheiro de riso,
de verso, de abraço,
do tempo vivido sem nunca o compasso.
Cheiro de ti, tão fundo em mim,
como memória que não tem fim.

Surgiram no céu imagens bordadas,
sons que dançavam nas madrugadas.
O mar sussurrava com tanta leveza,
feito fonte secreta cantando beleza.

Folhas caíam em ritmo lento,
orquídeas brotavam ao sabor do vento.
E o ar — tão etéreo em seu movimento —
tocava a alma em puro lamento.

Alma esta, que nunca foi tocada,
nem por mim, nem por ti, silenciada.
Como sombra perdida em noite vazia,
que busca no nada uma fantasia.

Mas o cheiro...
ah, o cheiro persiste!
Como lembrança que em mim resiste,
vivendo nos cantos que ninguém vê,
sussurrando o que não sei dizer.

Vestígio que pulsa, início sem fim,
um traço teu que ficou em mim.
Teu perfume no tempo ficou a morar,
mesmo que tu já tenhas deixado de estar.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 26/05/2025
Alterado em 26/05/2025
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