RELATIVO
Paciência — dizem — é virtude rara,
mas em mim não mora, não se declara.
Sou feita de urgência, de sede e vontade,
não sei cultivar essa tal serenidade.
O tempo me escapa por entre os dedos,
relógios zombam dos meus segredos.
Dias se arrastam como ferros no chão,
e a espera me pesa mais que a solidão.
Dizem que tudo é questão de esperar,
mas quanto demora o tempo pra passar?
Meses, anos, ou vidas inteiras,
em que me perco nas mesmas fronteiras?
O cansaço me veste de sombra e de luto,
é um fardo sem nome, é um poço sem fundo.
Mas ainda me cobram um passo sereno,
como se não doesse o silêncio pequeno.
Tudo é tão vago, tudo é tão brando...
O tempo é um véu que vai se arrastando.
E eu, na esquina do que não chegou,
sou flor desfolhada que ainda esperou.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 27/05/2025
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