Andei, andei e andei, sem cessar,
por trilhas que o tempo não quis iluminar.
Com pedras nos pés e silêncios no olhar,
fui traçando caminhos sem me abandonar.

Chorei, chorei e chorei, sem desequilibrar,
com a alma rasgada, sem medo de amar.
As lágrimas vinham, mas sem naufragar —
me fiz tempestade que sabe passar.

Amei, amei e amei, sem cessar,
como quem planta flores no meio do mar.
Mesmo sem porto, sem rede ou lugar,
fui abrigo, fui fogo, fui verbo pulsar.

E assim sigo adiante, sem me apagar —
entre dores, amores, um eterno caminhar.
Pois viver, para quem sente, é se derramar
sem cessar e sem nunca deixar de amar.