A DOR QUE FICA
Dor que sente...
Na ida e na despedida.
Que sufoca, que atormenta,
Não consola, não alenta.
Sangra fundo no meu peito,
Fere lento, em tom perfeito.
Insiste, persiste, não se cala,
Ecoa na alma, não se abala.
Choro mudo, noite fria,
Caminho sem luz, sem guia.
Um vazio que se aninha,
Na dobra escura da rotina.
A ausência pesa como aço,
No tempo que passa sem abraço.
E o corpo aprende a respirar,
Sem nunca deixar de lembrar.
O coração, já tão cansado,
Se acostuma, resignado.
Não é que cesse a dor, não mente,
Mas cresce a força, silenciosamente.
É a maturidade do ser,
Aprendendo a sobreviver.
A mais terrível das batalhas:
Viver depois das próprias falhas.
A mais aguda das certezas:
A dor compõe nossas tristezas.
E mesmo quando o tempo voa,
A cicatriz ainda ecoa.
Mas entre perdas e esperanças,
Florescem outras alianças.
Porque no fim de cada lamento,
Brota um sopro, um novo vento.
E mesmo ferida, a alma insiste:
Enquanto sente, ela resiste.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 03/06/2025