CHEIRO DE MEMÓRIA
Sinto o cheiro da nostalgia,
Da infância leve, da fantasia,
Das viagens que eram só minhas,
Feitas de sonhos, cores e alegrias.
Sinto o cheiro das brincadeiras,
De tardes longas, das risadas faceiras.
Vilhena... quanta saudade!
Úmida e quente, cheia de vontade.
Rios, lagos, matas a ecoar,
Primos, amigos a me encantar.
Era alegria pura, encantada,
Em cada canto, a vida apaixonada.
Curitiba — meu abrigo, meu lugar,
Entre ruínas, vi o tempo pulsar.
Adolescência em busca, inquieta emoção,
Curiosa a traçar sua nova direção.
Toledo chegou com ares de ausência,
Mas revelou, enfim, minha essência.
Hoje, é morada, é chão que me chama,
É vida vivida, é fogo que inflama.
Cheiro de casa, de afeto sem fim,
Do tempo e do centro que moram em mim.
As viagens agora são feitos de voltas,
De idas e vindas com portas abertas.
Os anos passaram — as memórias ficaram,
Como estrelas no peito, que nunca se apagam.
Guardadas com zelo, com tanto calor,
No rastro do tempo, persiste o sabor.
E sigo adiante, com passos no chão,
Mas o coração entoa a canção:
Entre o ontem e o amanhã que convida,
Na dança do tempo, renasce a vida.
Cada caminho, cada lembrança,
É raiz profunda, é minha esperança.
Pois no cheiro da memória que guia,
Encontro abrigo, encontro poesia.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 03/06/2025