ONDE MORA A ALMA
Olho a alma.
Sinto-a em dança, em brasa, em flor,
movendo-se além do tempo,
além da carne, além da dor.
Ela pulsa no escuro do peito,
no silêncio que não tem jeito.
Não pesa, não sangra, não cansa —
é o que me ergue, me envolve, me lança.
No corpo, há limite, há poeira,
há idade que marca, há fronteira.
Mas na alma há luz verdadeira,
há céu se abrindo na beira.
Preenche ausências e sonhos calados,
transborda os desejos mais delicados.
É chama que arde sem consumir,
é vento que sopra sem resistir.
Alma —
que escapa à forma, ao nome, à prisão,
habita o mistério, a vibração.
Não se explica, não se mede,
é estrela que vive e se cede.
Contemplo-a inteira, em paz, em silêncio,
com olhos que veem por dentro.
Pois sei: não sou apenas matéria e lamento —
sou o cosmos batendo por dentro.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 04/06/2025
Alterado em 04/06/2025
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