Textos

SIMBÓLOS DO TEMPO
Olhei os objetos sobre a mesa,
meu refúgio de luz,
minha sombra de tristeza.

Fotos gastas pelo tempo,
recados dispersos
tentando ainda dizer algo.

Uma agenda muda,
sem datas,
sem promessas,
com sonhos antigos
já desbotados.

O som das músicas que amo
veio cobrir o silêncio,
como um pano suave,
escondendo feridas,
abrindo memórias —
algumas distantes,
outras tão perto.

Entre o vazio sem explicação
e a emoção que transborda,
havia sinais guardados,
tolas lembranças,
intensidades demais.

As fotos amareladas
mostravam instantes breves,
vidas entrelaçadas,
sorrisos de um momento,
lugares e rostos
levados pelo vento.

A beleza serena de outrora
agora repousa pequena,
quase ausente.

Cada detalhe observado
trazia um toque de dor,
um sopro na alma.
E compreendi, enfim,
sem pesar:
eram símbolos,
leves em sua leveza.

Fragmentos do tempo,
peças de mim,
valores que nascem
e se desfazem no fim.

No doce caos da mesa arrumada
descobri minha história —
partida, guardada.
Não nos objetos,
mas no que restou:
a lembrança viva
de tudo o que sou.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 04/06/2025
Alterado em 04/09/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários