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OCEANO INVISÍVEL
Mar que chega...
sem pedir licença,
como o tempo que avança,
como o pensamento que balança —
irrompe, dissolve, reinventa a esperança.

Imprevisível em sua dança,
estrondoso até no silêncio ausente,
único em cada onda que alcança
e jamais retorna plenamente.

Vastidão do instante vivido,
grito mudo no peito contido,
presságio, memória, ausência e ser —
do que fomos, do que há por compreender.

Majestoso, não por extensão,
mas pelo enigma em ebulição.
Incompreensível —
como a alma em contradição,
como o ciclo que se desdobra,
como o amor sem definição.

Admirável, como aquilo que escapa,
mas deixa rastros em cada mapa.
Não se possui, mas se procura —
como luz em névoa escura.

Observo o infinito na superfície inquieta,
mas é dentro que a alma se projeta.
É no abismo dos olhos, calado,
que o mar me devolve o indagado.

Tão belo que chega a doer,
como o verbo que não quer nascer.
Ressoa aos meus ouvidos,
feito sopros antigos,
palavras aladas
voando sobre manhãs caladas.

Um oceano que habita e insiste,
mesmo invisível, ele existe.
Cria ondas de ilusão e espanto,
espumas de dúvida, fé e pranto,
imagens que o tempo não desfaz,
mas o ser carrega — e nunca em paz.

Somos isso:
um punhado de ondas em plena emoção,
corpo em travessia, alma em expansão,
rumo ao invisível que insiste em pulsar,
vida que bate, sem jamais cessar,
dia após dia, no vai e vem do sentir,
um eterno navegar, sempre a se descobrir.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 04/06/2025
Alterado em 04/06/2025
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