Ao que me tenta entender,
que toca meu sofrer,
embala meu desespero
com ternura que não se cala.

Ama o que sou,
o que ainda serei.
É quem amo,
quem sei.

Tento deixar o pranto,
a dor que me sustenta.
Transições, feridas,
cicatrizes de vidas passadas.

Um dia, enfim,
hei de largar
essas dores
no repouso do tempo.

Não sou céu que se abre,
nem águia que parte.
Não sou heroína de guerra,
nem soldado infalível.

Sou o que sou:
ardor e dor,
‘EU’ inteira,
com rancor
e amor.

O céu me chama.
Estrelas mil,
cada brilho, um engano.

Quero esquecer pedras,
soltar o chão.
Acreditar no vazio eterno,
no vai e vem do mar,
nas sombras
que sempre passam.

‘EU’ quero crer,
quero me entregar.

Vibro no som dos tambores,
nas cores, na vida, nas flores.
Minha alma se ergue
nas ondas do meu pulsar.

Vejo-te dançar,
livre, profundo,
como luz que invade o mundo.

Tua presença toca corpo e alma,
sem prisão.

És estrela eterna,
paixão que não se apaga.
Indestrutível,
luz e tempo.
Vejo-te em meu sentimento.